domingo, 29 de setembro de 2013

A Explicação Simples

Galáxias contém inúmeras nuvens. Estas nuvens são compostas por matéria-prima do Universo: hidrogênio. Algumas delas contém também material reciclado, átomos que sobraram de explosões estelares que criaram átomos mais pesados como hélio, lítio, carbono, oxigênio etc.
Estes componentes formam uma nuvem onde começa a agir a gravidade, que as mantém unidas pela força da atração gravitacional.
Este é um sistema em desequilíbrio. Por mais distantes e vastas as dimensões de um volume de matéria esparsa como esta nuvem, a atração acaba por fazer com que esta matéria inicie um movimento de colapso. Conforme a massa vai se adensando, maior a força da gravidade, mais rápido é o movimento de aproximação das partículas em direção ao núcleo.
De alguma forma estas correntes de movimento em torno ao centro acaba por criar de fato dois núcleos principais, que atraem mais e mais matéria.
Estes dois núcleos se atraem mutuamente e iniciam um movimento que não leva a uma colisão direta mas a um encontro muito próximo. Regidos pela gravidade, este dois pontos forma uma hipérbole no espaço, varrendo toda a matéria que encontram no caminho e criando complexas ondas de choque na nuvem que atravessam. Este movimento também cria a rotação da nuvem - e o achatamento no plano do movimento.
Á medida que a matéria se acumula e se adensa, estes corpos atingem cada um a seu momento a massa crítica que as leva a iniciar processos regidos por outra força: a nuclear. Reações nucleares começam a acontecer em larga escala: estes dois corpos viram estrelas.
À medida que os dois corpos seguem suas trajetórias de aproximação, outros corpos se formam em pontos onde a força gravitacional das duas estrelas provocam o acúmulo de mais matéria. São os planetas.
Uma das estrelas é maior e acaba por capturar vários dos planetas em órbitas permanentes, formando o nosso Sistema Solar. A estrela menor começa finalmente a se afastar e abandona o sistema, com o Sol e os planetas encerrando sua formação definitiva.
Assim, de uma nuvem interestelar se formam de maneira direta duas estrelas e com elas um conjunto de planetas. Os planetas naturalmente ficam no plano do movimento das estrelas. A nuvem, que continha material pesado (além do hidrogênio), forma planetas com uma composição complexa, que viria muito tempo depois a gerar a vida em pelo menos um deles. A estrela menor, desgarrada deste Sistema, se afasta talvez com alguns planetas para outra região da galáxia.

A ideia simples

O grande desafio de todo o trabalho do Dr. Junqueira foi e continua sendo sintetizar o que foi descoberto de uma maneira direta, compreensível.
Tivemos muitas tentativas. Abusamos da computação gráfica da época - o que também não ajudava muito - e o Dr. Junqueira escreveu e reescreveu várias versões do que seria o resumo do resumo de um trabalho imenso. Mas nunca atingimos o objetivo de ter uma explicação de verdade fácil, direta e clara do que descobrimos sobre a formação do Sistema Solar.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Uma das primeiras aulas de Dr. Junqueira

No topo de meu fim de adolescência, segundo ano da faculdade de Engenharia, era natural para mim desconfiar e mesmo duvidar de um professor que tinha uma teoria sobre como começou o nosso Sistema Solar. Soava irreal. Ele tinha me explicado, ouvi em silêncio e passei alguns dias levantando o que eu achava serem provas cabais de que a teoria estava errada. Deveriam ser dúvidas minhas mas eu achava que eram provas de que estava tudo errado.
Quando me encontrei novamente com ele, tinha a convicção de que iria provar que a teoria estava errada. Por exemplo, a probabilidade de duas estrelas quase se chocarem no Universo é muito pequena. Nunca tinha sido observado. "Imagine que o colapso gravitacional de uma nuvem de matéria leva a formação de dois núcleos e não de um só.", argumentou Dr. Junqueira. "Estes dois núcleos serão as duas estrelas que organizarão a matéria em volta de maneira bem mais simples de se imaginar do que se for um núcleo apenas", explicou pacientemente. "Se você tem um único núcleo fica difícil explicar a rotação, a formação de um plano preferencial, a distância dos planetas - e a própria existência dos planetas".
Ou seja, não tinha sido um choque de duas estrelas passeando por aí. Era o contrário. Uma nuvem de matéria começa a colapsar, gera dois pontos de acúmulo de matéria e... o resto a gente simularia no computador.
Foi desconcertante perceber que a visão de Dr. Junqueira superava tão facilmente meus argumentos. E fazia todo o sentido! E com uma explicação muito mais simples do que as teorias que se sucederam antes dele tentando explicar como nosso Sistema Solar tinha surgido.
Eu não me renderia assim tão fácil. E nas semanas seguintes fui descobrindo a beleza da idéia toda.